sábado, 26 de junho de 2010

Meu melhor amigo

Ouviu-o dizer, rindo:

_ Senhor, tenha misericórdia, ela não sabe o que faz. Prontamente retrucou.

_ Por que, se Ele é Onipotente, Onipresente e Onisciente, não pode ouvir meus pedidos? Afinal, a cada um seus próprios ais.

Compreendeu, subitamente que sua relação com Deus tornara-se íntima. Agora Ele participava de todos os momentos da sua vida.Quando saía para viajar, Ele estava ao seu lado. Em momentos de maior estresse, era à Ele que entregava a direção do carro. Lembrou-se da primeira vez em que Lhe pedira que fosse suas mãos, seus olhos, seus pés e sua mente. Estava exausta, dirigindo há horas com chuva pesada e percebendo que ainda faltava muito para chegar, entregou-se à Ele.

Quando saía para uma atividade ou até mesmo para uma conversa mais delicada, era com Ele que se aconselhava. Era a Ele que pedia que estivesse presente e a orientasse, para que colocasse em sua boca as palavras mais adequadas. Ele a acompanhava, a conduzia, estava ao seu lado todo o tempo.

Quando ia trabalhar, colocava a firme intenção de dar o melhor de si mesma e pedia-Lhe para que ela fosse um canal da Sua cura, do Seu saber.

Percebeu que há muito tempo não se sentia só. Era com este Amigo Especial que conversava antes de dormir, que dividia suas inquietações, a Quem pedia luz e coragem. Era com Ele que compartilhava as alegrias e bênçãos, com Ele dançava comemorando a vida, as conquistas. À Ele sentia-se infinitamente grata. Em Suas mãos se colocava, pedindo-lhe que ela quisesse o Seu querer. Era com Ele que traçava estratégias e planos. Buscava a intenção e o objetivo de seus atos. As técnicas de como fazer iam lhe sendo reveladas e então, executava as ações adequadas.

Antes ela também acreditava que Deus era um Senhor tão ocupado que não tinha tempo para banalidades com problemas tão pequenos quantos os dela. Ranços de um tempo antigo, onde acreditava que o Deus que tudo vê podia puni-la. Agora acreditava no Deus magnânimo, misericordioso e todo-poderoso, que a conhecia como ninguém e a amava. Com todo o tempo do mundo para ela e também para quem fosse, bastando para isso pedir. E mais, ao pedir, ativava nela a força da fé, o pedido era sua forma de obter ajuda, acreditar que Ele a ouvia e que ela era importante para Ele, era sua maior benção. Isso não era bom para Ele e sim para ela. Pois a cada pedido seu recebia como resposta mil_ Eu estou aqui!

Ele deixou de ser aquele ser grandioso e distante, que só podia ser encontrado em templos de oração, igrejas, mesquitas, sinagogas. Esta lá também, mas está dentro do seu coração, em cada uma de suas células, em cada respiração, envolvendo-a, permeando-a. Essa é a união: "entre Tu e eu, não há nem eu, nem Tu."

E, sem que seus lábios se mexessem, fez um pedido ao Seu Amigo por aquela pessoa tão querida que estava ao seu lado: que ele descobrisse que também podia pedir, com a certeza de ser ouvido, fosse o que fosse.


Escrito por Virginia

Nenhum comentário:

Postar um comentário