sábado, 31 de dezembro de 2011

RUMI

            Pede a Deus e pedes o que precisas, pois esse pedido não será feito em vão. Chamai-me e Eu   vos responderei.
[...]
Assim, podes perceber que todas as coisas não passam de pretextos para a Onipotência de Deus e que
tudo vem d'Ele. Ele é o mestre absoluto de todas as coisas. 

Fihi-Ma-fihi
O livro do Interior
Rumi

Paisagem atual da minha sacada: Montanhas feitas de árvores 
para que o aconchego de um novo dia!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Amigo é Casa - Zé Renato e Zélia Duncan

Antiga Benção Celta – Benção de São Patrício



Que o caminho venha ao teu encontro.
Que o vento sempre sopre às tuas costas
e a chuva caia suave sobre teus campos.
E até que voltemos a nos encontrar,
que Deus te sustente suavemente na palma de sua mão.

Que vivas todo o tempo que quiseres
e que sempre possas viver plenamente.

Lembra sempre de esquecer as coisas que te entristeceram,
porém nunca esqueças de lembrar aquelas que te alegraram.

Lembra sempre de esquecer os amigos que se revelaram falsos,
porém nunca esqueças de lembrar aqueles que permaneceram fiéis

Lembra sempre de esquecer os problemas que já passaram,
porém nunca esqueças de lembrar as bênçãos de cada dia.

Que o dia mais triste de teu futuro
não seja pior que o dia mais feliz de teu passado.

Que o teto nunca caia sobre ti
e que os amigos reunidos debaixo dele nunca partam.

Que sempre tenhas palavras cálidas em um anoitecer frio,
uma lua cheia em uma noite escura,
e que o caminho sempre se abra à tua porta

Que vivas cem anos, com um ano extra para arrepender-te.

Que o Senhor te guarde em sua mão, e não aperte muito seus dedos.

Que teus vizinhos te respeitem, os problemas te abandonem,
os anjos te protejam, e o céu te acolha.
E que a sorte das colinas Celtas te abrace.

Que as bênçãos de São Patrício te contemplem.

Que teus bolsos estejam pesados e teu coração leve.

Que a boa sorte te persiga, e a cada dia e
cada noite tenhas muros contra o vento,
um teto para a chuva, bebidas junto ao fogo,
risadas que consolem aqueles a quem amas,
e que teu coração se preencha com tudo o que desejas.

Que Deus esteja contigo e te abençoe,
que vejas os filhos de teus filhos,
que o infortúnio te seja breve e te deixe rico de bênçãos.

Que não conheças nada além da felicidade, deste dia em diante.

Que Deus te conceda muitos anos de vida;
com certeza Ele sabe que a terra não tem anjos suficientes…
...e assim seja a cada ano, para sempre!

São Patrício - Catedral de Carlow - Irlanda: Vitral de Franz Mayer, séc. 19


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Rumi - A Alquimia do amor


Você chega a nós vindo de um outro mundo.
Além das estrelas e de um espaço sem fim.
Transcedente, puro, de uma beleza inimaginável,
Trazendo com você a essência do amor.

Você transforma tudo o que toca.
Aflições banais,problemas e tristezas dissolvem-se na sua presença,
Trazendo alegria a comandantes e comandados,
Aos plebeus e aos reis.

Você nos enfeitiça com a sua graça.
Qualquer mal se transforma em bem.
Você é o alquimista-mor.

Você acende a chama do amor na terra e no céu,
No coração e na alma de cada ser humano.
Através do seu amor, o existir e o não existir se unem,
Os opostos se fundem,
E tudo que é profano,
Torna-se sagrado outra vez.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Clarissa Pinkola Estes - Mulheres que correm com os lobos


"A nossa função é a de aprender. 
Se quisermos amar, não há como evitar esse aprendizado. 
[...] 
Amar os prazeres é fácil. 
Já amar de verdade exige um herói que consiga controlar seu próprio medo."




Procurando uma foto para ilustrar o texto da Clarissa me deparei com esta, tirada na região serrana do Rio de Janeiro. 

Os contos de fada  nos mostram que, muitas vezes, para conseguir ficar com a donzela, o herói deve vencer as moitas de espinhos, deve controlar seu próprio medo, superar-se. No entanto,  pode-se ver bem, mesmo os espinhos estão cheios de belas flores.
Coragem galantes heróis, suas heroínas os aguardam!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011


O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. 
 Martha Medeiros

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Reflexões

Mais um natal chegando, mais um ano sendo concluído, 2012 irrompendo.


Os anos vão sendo somados às experiências do que foi vivido. Os cabelos embranquecem: coloco tinta neles. Ao corpo já não tão flexível, adiciono o Pilates. O peso subiu e com isso ainda brigo, sem muito afinco na verdade. Continuo comendo, ah o prazer da gula: queijos, camembert e brie me tentam demasiadamente. Esse ano fui apresentada ao “vino verano” e desde então delicio-me eventualmente: a sensação é de celebração, adoro ritualizar pequenos momentos de prazer!

Algumas pessoas estiveram em órbitas mais próximas, outras mais distantes. A vida, puro movimento, vai traçando seus desenhos. No centro dessa mandala, eu. Muito próximo ao centro, meus filhos. Um pouquinho mais além, as pessoas íntimas, a grande família. Abrindo o circulo ainda mais, os amigos. Ampliando, os conhecidos, os que aparecem de repente e ficam, os que sempre estiveram e partiram.

Sou essa mescla de tudo que já vivi, dos amores que tive, das desilusões, dos encantos e acertos, das frustrações. Sou tudo que meus olhos viram e meus ouvidos ouviram. Alimento-me a cada dia das minhas sensações, percepções e reflexões. Alimento-me de conversas, de livros, filmes, músicas. Alimento-me de trocas que me enriquecem. Alimento-me da tecnologia, que torna próximo o que está distante e aproxima ainda mais o que está perto. Nutro-me de espiritualidade, de amor, que jorra abundante. Nutro-me do cantar dos pássaros, do espreguiçar dos gatos, dos macaquinhos que pulam diante da minha janela, dos temperos plantados em vasos. Nutro-me de projetos de futuro que espero ver concretizado em breve. Nutro-me de sonhos por terras distantes. Nutro-me do desconhecido que fascina.

Me deixo empolgar como criança por pessoas que apenas surgiram, como por encanto ou magia, ocupando um espaço que estava vazio. Silencio-me por respeito. Grito e me indigno pelo que me é de direito. Choro pelos que se foram e me encanto com os que chegam. E, principalmente, agradeço! Agradeço por todo esse alimento, corporal, mental e espiritual. Agradeço a vida em seus infinitos desdobramentos. Agradeço aos amores. Agradeço os aprendizados e as oportunidades. Agradeço!

Agradeço à você que participou TecendoVida comigo em 2011 o desenho que juntos fizemos.
Que 2012 nos traga muita luz e infinitas bençãos.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011


Acordo fora de mim

como fora nada eu via,

ficava dentro de mim

como vida apodrecida.

Acordar não é de dentro,

acordar é ter saída.

Acordar é reacordar-se

ao que em nosso redor gira.

João Cabral de Melo Neto - Entre o Sertão e Sevilha




domingo, 18 de dezembro de 2011

Fatehpur Sikri








Património Mundial Sites - Fatehpur Sikri
Fatehpur Sikri (1986), Uttar Pradesh Fatehpur Sikri (1986), Uttar Pradesh

Fatehpur Sikri é uma cidade indiana abandonada com aproximadamente 500 anos, e que permanece em óptimo estado de conservação.  Fatehpur Sikri foi construída no século XVI em estilo indo-islâmico. Apenas catorze anos depois da sua construção ela foi abandonada por falta de água. Em 1568  o Imperador Akbar não tinha herdeiros que o substituíssem e foi à procura de ajuda mística, com Shaikh Salim Chisti  que morava na vila de Sikri. A profecia do santo veio a se confirmar e nasceu o primeiro dos três sucessores do imperador. Assim, Akbar, que era um grande construtor, planejou uma cidade que seviria de apoio à capital do império, Agra e escolheu que ficasse próxima de Sikri. A cidade foi matematicamente construída, em arenito vermelho e permanece totalmente preservada.  
 


Sikri foi continuamente habitada desde o período pré-histórico.

Aberta de sol a sol

As pessoas que alcançam

     Imam Al-Ghazali relata uma tradição da vida de Isa, Ibn Maryam.
     Um dia, Isa viu algumas pessoas desoladas sentadas num muro à beira da estrada.
     Ele perguntou: "Qual o motivo de sua aflição?"
     Elas responderam: "Nós nos tornamos assim por temer o Inferno."
     Isa seguiu seu caminho e viu um grupo de pessoas desconsoladas em diversas posturas ao lado da estrada. Ele perguntou: "Qual é o motivo da sua aflição? "
     Elas responderam: "O desejo do Paraiso nos deixou assim."
     Isa seguiu se caminho até que encontrou um terceiro grupo. Pareciam pessoas que haviam atravessado muitas dificuldades, mas seu rosto brilhava de alegria.
     Ele perguntou: "O que as deixou assim?"
     Elas responderam: "O Espírito da Verdade. Vimos a Realidade, e isso nos fez indiferentes a metas menores."
     Isa disse: "Essas são as pessoas que alcançam. No Dia da Prestação de Contas, são elas que estarão na Presença de Deus."



     Os que acreditam que o desenvolvimento espiritual depende exclusivamente do cultivo das ideias de recompensa e castigo, com frequência se surpreendem com essa tradição sufi sobre Jesus.
     Os sufis dizem que somente certas pessoas se beneficiam de uma dinâmica intensa entre perdas e ganhos, e que isso, por sua vez, constituí apenas uma parte das experiências de qualquer pessoa. Aqueles que estudaram os métodos e efeitos do condicionamento e da doutrinação podem se sentir inclinados a concordar com os sufis.
     Religiosos fervorosos e formais, obviamente, não admitem, em muitas crenças, que as simples alternativas de bom-mau, tensão-relaxamento, recompensa-punição, sejam apenas partes de um sistema mais amplo de autorrealização.

SHAH, Idries. Histórias dos Dervixes. Ed. Filosofia Viva

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Os nossos êxitos mais felizes, têm uma mistura de tristeza

 Pierre  Corneille 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011


- Um homem que ia por um caminho tropeçou em uma grande pedra. Recolheu-a e a levou consigo. Pouco depois tropeçou em outra e a carregou também. E  carregava todas as pedras em que ia tropeçando, até que aquele peso se tornou tão grande que o homem já não podia caminhar.

O que vocês pensam desse homem, perguntou o mestre.

_ Que é um idiota - respondeu um dos discípulos. Para que carregar as pedras nas quais tropeçava?
E o mestre disse: _ Isso é o que fazem aqueles que carregam as ofensas que os outros lhes fizeram, os males sofridas e mais ainda, carregam a amargura dos próprios equívocos. Tudo isso devemos deixar para atrás e não carregar as pedras pesadas do rancor contra os demais e menos ainda contra si mesmo.

Se deixamos de lado essa carga inútil, se não a levamos conosco, nosso caminho será mais rápido e o nosso caminhar mais seguro.


Autor desconhecido. ( livre tradução do espanhol minha)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Martha Medeiros


Pelo o que me diz respeito
Eu sou feita de dúvidas
O que é torto, o que é direito
Diante da vida
O que é tido como certo, duvido
E não minto pra mim
Vou montada no meu medo
E mesmo que eu caia
Sou cobaia de mim mesma
No amor e na raiva
Vira e mexe me complico
Reciclo, tô farta, tô forte, tô viva
E só morro no fim
E pra quem anda nos trilhos cuidado com o trem
Eu por mim já descarrilho
E não atendo a ninguém
Só me rendo pelo brilho de quem vai fundo
E mergulha com tudo
Pra dentro de si
Lá do alto do telhado pula quem quiser
Só o gato que é gaiato
Cai de pé...

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa
entrada de luz.
... Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um
cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os
móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca
ou namora a qualquer hora do dia.

Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias... 
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela... 
E reconhecer nela o seu lugar.
 
Van Gogh

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Clarissa Pinkola Estes

"A morte está sempre no  processo de incubar uma vida nova, mesmo quando nossa existência foi retalhada até os ossos."

domingo, 11 de dezembro de 2011

Leila Krüger


 
FLOR DE FIM
  

Como saber?

            Se a tristeza é breve

            se a alegria é forte

            se a paz é leve.

            Se a fé rebrota

             no inverno gris.

            Se teus dedos

            na madrugada

            fazem meu fim.

            Como saber?

            Entender tua cor.

            Como saber?

            Se já não sou.

            Como não ser?

            Se nós somos flor...