domingo, 14 de agosto de 2011

Rumi - Masnavi: Escuta a flauta de bambu - trecho

Levanta-te, ó filho! Rompe tuas cadeias e se livre
Quanto tempo serás cativo da prata e do ouro?
 Embora despejes o oceano em teu cântaro, 
Este não pode conter mais que a provisão de um dia. 
O cântaro do desejo do ávido nunca se enche, 
A ostra não se enche de pérolas até a saciedade
 Somente aquele cuja veste foi rasgada pela violência do amor
 Está inteiramente puro, livre de avidez e de pecado. 
A ti entoamos louvores, ó Amor, doce loucura!
Tu que curas todas as nossas enfermidades!
 Que és médico de nosso orgulho e presunção! 
 Tu que és nosso Platão e nosso Galeno!
O amor eleva aos céus nossos corpos terrenos, 
E faz até os montes dançarem de alegria!
 Ó amante, foi o amor que deu vida ao Monte Sinai, 
Quando "o monte estremeceu e Moisés perdeu os sentidos". 
Se meu Amado apenas me tocasse com seus lábios, 
Também eu, como a flauta, romperia em melodias. 
Mas aquele que se aparta dos que falam sua língua,
 Ainda que tenha cem vozes, é forçosamente mudo. 
Depois que a rosa perde a cor e o jardim fenece, 
Não se ouve mais a canção do rouxinol.
O Amado é tudo em tudo, o amante, apenas seu véu; 
Só o Amado é que vive, o amante é coisa morta. 
Quando o amante não sente mais as esporas do Amor, 
Ele é como um pássaro que perdeu as asas.
 Ai! Como posso manter os sentidos, 
Quando o Amado não mostra a luz de Seu semblante? 
O Amor quer ver seu segredo revelado, 
Pois se o espelho não reflete, de que servirá?
 Sabes por que teu espelho não reflete? 
Porque a ferrugem não foi retirada de sua face. 
Fosse ele purificado de toda ferrugem e mácula, 
Refletiria o brilho do Sol de Deus. 

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