quinta-feira, 29 de abril de 2010

Flutuações

O sonho aprendeu a pairar bem alto,
lá onde o sobressalto nem sequer nasceu.
Namorou a trôpega ilusão,
até que trêfego e desajeitado,
desprendeu-se de seu reino idealizado,
veio pousar tamborilante em minha mão.
Assim, aquecido e aconchegado,
parece que se esqueceu de ir embora.
Na hora em que ressona distraído,
eu lhe pingo malemolências ao ouvido,
à sua inquietação eu me sujeito.
Eis que o sonho dorme agora aqui comigo,
seu corpo repousa no meu peito.

Flora Figueiredo

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Que o breve
seja de um longo pensar

Que o longo
seja de um curto sentir

Que tudo seja leve
de tal forma
que o tempo nunca leve.

Alice Ruiz

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Excessos

Claridade demais ofusca,
Escuridão demais esconde.
A linha mais reta é seca,
O excesso de sinuosidade enjoa.
Falta de objetividade atordoa!

Escrito por Virginia

domingo, 25 de abril de 2010










E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música.



Nietzsche


sexta-feira, 23 de abril de 2010

Rumi - O amor


O amor faz o oceano ferver como um caldeirão,
O amor reduz as montanhas a poeira,
O amor quebra os céus em uma centena de pedaços,
E mesmo sem saber disso,
O amor faz a terra tremer.
Deus disse, "Se não fosse por puro amor,
Como poderia ter criado esse mundo?
Eu trouxe tudo à existência
Todo caminho que ascende a mais alta das esferas,
Para que você pudesse conhecer a glória do amor".
Não pense.
Não se perca em seus pensamentos.
Seus pensamentos são um véu sobre a face da lua.
Esta lua é o seu coração,
e são os pensamentos que o mantém coberto.
Então deixe-os ir.
Apenas deixe-os cair na água.
Sem amor
toda a adoração é um fardo
toda a dança se transforma em rotina
toda a música é um mero barulho.
Toda a chuva do céu poderia cair sobre o mar -
Sem amor,
nenhuma gota se transformaria em uma pérola.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Dia do Planeta Terra



GAIA - O PLANETA VIVO

James E. Lovelock

A idéia de que a Terra é viva pode ser tão velha quanto a humanidade. Os antigos gregos deram-lhe o poderoso nome de Gaia e tinham-na por deusa. Antes do século 19, até mesmo os cientistas sentiam-se confortáveis com a noção de uma Terra viva.

Quando, há alguns anos, vimos as fotografias da Terra tiradas do espaço, tivemos um vislumbre do que estávamos tentando modelar. Aquela visão de estonteante beleza; aquela esfera salpicada de azul e branco mexeu com todos nós, não importa que agora seja apenas um clichê visual. A noção de realidade de compararmos a imagem mental que temos do mundo com aquela que percebemos através de nossos sentidos. É por isso que a visão que os astronautas tiveram da Terra foi tão perturbadora. Mostrou-nos a que distância estávamos afastados da realidade.

A filosofia de Gaia não é humanista. Mas, sendo avô de oito netos, eu preciso ser otimista. Vejo o mundo como um organismo vivo do qual somos parte; não os donos, não os inquilinos, sequer os passageiros.

O texto apresentado acima constitui pequenos extratos do capítulo 56 do livro Biodiversidade, organizado por E. O. Wilson. A tradução é de Marcos Santos e Ricardo Silveira.


Somos seres das estrelas! Somos parte disso tudo, quer percebamos ou não com nossos sentidos.

Vamos cuidar!



quarta-feira, 21 de abril de 2010

Bem devagar





Na suave voz de Caetano Veloso, dele e do Gilberto Gil, essa é atemporal.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Ver - Milton H. Erickson

Olhem intensamente como se fosse pela primeira vez que o fazem. Isso dará frescor ao seu olhar e, seus olhos tornar-se-ão inocentes. E com este olhar propositalmente inocente poderão penetrar o mundo interior, e VER.

Milton H.Erickson

segunda-feira, 19 de abril de 2010

"Nunca é alto o preço a pagar pelo privilégio de pertencer a si mesmo."
Nietzsche

domingo, 18 de abril de 2010

Fascinação


Escher, Mãos que Desenham, 1948.

Irritou-se com ele. Levou alguns dias pensando em tudo o que diria. Encontrou-o decidida a cortar os tes. e pingar os is. As amenidades entraram como preâmbulo para a conversa decisiva. Foi aí que a mão dele tirou do bolso uma caneta, aquela mesma que ela lhe havia dado. Começou a traçar riscos no guardanapo de papel. Olhava fascinada os gestos dele: A mão fazia o traço, rápida, virava o papel, fazia mais traços. Guardava a caneta para retirá-la em seguida, com novos ângulos a serem explorados. A voz dele, melodiosa, acompanhava com histórias os rabiscos que surgiam. Sucederam-se outras cenas, visões dele fazendo exatamente isso, reais e imaginadas. A mente dela se esvaziou por completo. Ainda que buscasse tudo o que viera discutir, nada mais lhe ocorria, mergulhada nesse espaço feito somente de sensações. Sentiu-se inundar por um riso quente que dissolveu qualquer mágoa ou restrição. O corpo ficou leve, descontraído, relaxado. A alegria se espalhou como ondas que vibravam por todo seu ser.

Voltou para casa em estado de graça entretanto, perplexa. Sua mente tão ágil e inquisitiva pregara-lhe uma peça. Ocorreu-lhe então, rindo, o conto do Rubem Alves, onde a mulher fica hipnotizada pela cebola, a ponto de nada mais existir. Mas, como ele tão bem coloca no texto, não enlouquecera, virara poeta, fascinada pela mão que rabisca traços no guardanapo de papel!

Foi assim que a cena foi para seu baú de tesouros, juntar-se há tantas outras vividas com ele, preciosamente guardadas ali, bem dentro do seu coração.


Escrito por Virginia

sábado, 17 de abril de 2010

Rumi

Como pode a tristeza se aproximar do coração
de um verdadeiro amante?
A tristeza pertence aqueles
que são enfadonhos e solitários.
O coração do amante
está preenchido de um oceano,
E nas suas ondas enoveladas
o cosmos gentilmente se dobra.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

"...A tarefa primitiva do homem consiste em descobrir os nomes verdadeiros da mulher, não em usar indevidamente esse conhecimento para ganhar controle sobre ela, mas, sim, para captar e compreender a substância luminosa de que ela é feita, para deixar que ela o inunde, o surpreenda, o espante e até mesmo o assuste. Também para ficar com ela. Para entoar seus nomes para ela. Com isso os olhos dela brilharão. E os dele também."
Clarissa Pinkola Éstes

quinta-feira, 15 de abril de 2010

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Omar Khayyam

Amor
que não devasta
não é amor.

Um tição espalha
acaso, o mesmo calor
que uma fogueira?

Noite e dia, durante
a vida inteira, o verdadeiro
amante se consome
na dor e no prazer.

terça-feira, 13 de abril de 2010

"Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso."

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Aprendi silêncio com os falantes, tolerância com os intolerantes, e gentileza com os rudes ; ainda, estranho, sou ingrato a esses professores.

Bondade - Saadi

Um pastor disse ao pai: "Ensina-me a bondade." E teve como resposta: "Sê bom, mas que a tua
mansidão não faça o lobo tornar-se audacioso."

SAADI DE SHIRAZ - Poeta e escritor sufi
Extraídos do livro: Gulistan: O Jardim das Rosas - Attar Editorial.

sábado, 10 de abril de 2010

Tradição sufi

"A existência da Tradição, seja por publicações, palestras ou outras coisas, não é um segredo. Aqueles que fazem contato, tendo lido vários livros ou através do contato com amigos da Tradição, encontram um tipo de sensação, um feedback, uma afinidade. Quer o definam, quer não, não é importante. Eles podem encontrar, e eventualmente encontram, o que chamamos de "o caminho de casa".

Omar Ali Shah - O fator Unidade

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Sua dança me tomou hoje
e subitamente comecei a girar.
Todos os reinos giraram em meu redor
em uma celebração infinita.
Minha alma perdeu seu controle
meu corpo derrama sua fadiga
ouvindo suas mãos batendo
e o som do seu tambor ressoando
eu flutuo em direção aos céus.

Rumi

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O mundo é grande

O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.




Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 6 de abril de 2010

domingo, 4 de abril de 2010

A Princesa da Água da Vida

Era uma vez, quando não havia tempo, no País do Lugar Nenhum, uma pobre garota chamada Raida, que vivia solitária em uma pequena cabana.
Um dia, caminhando pelo bosque, Raida viu que um enxame de abelhas havia abandonado sua colméia, e decidiu recolher o mel.
"Levarei este mel ao mercado e o venderei. Com o dinheiro que conseguir procurarei melhorar minha vida", disse para si mesma.
Raida correu para casa e voltou com um pote, enchendo-o de mel. Ela não sabia no entanto que a causa de sua pobreza era um gênio maléfico que tentava por todos os meios impedir que ela tivesse êxito em qualquer coisa.
O gênio acordou quando alguma coisa lhe disse que Raida estava começando a fazer algo de útil. Ele correu ao lugar onde ela se encontrava com a intenção de causar-lhe problemas. Logo que viu Raida com o mel o gênio se transformou em um galho de árvore e empurrou seu braço, de maneira que o pote caiu e se quebrou, entornando todo o mel. O gênio, ainda sob a forma de um galho, ria-se com satisfação, balançando-se de um lado para outro.
"Isto a deixará furiosa", disse para si mesmo.
Mas ela apenas contemplou o mel e pensou:
"Não importa, as formigas vão comer o mel, e talvez algo surja disso."
Raida tinha visto uma fileira de formigas cujas exploradoras já estavam experimentando o mel para ver se lhes seria útil. Quando começou a atravessar a floresta, no caminho de volta para a sua cabana, Raida notou que um cavaleiro estava vindo em sua direção.
Quando estava apenas a alguns metros dela, o homem levantou o chicote displicentemente e, ao passar, bateu num galho. Raida viu que era uma árvore de amoras, e que o golpe tinha feito com que frutas maduras caíssem no chão. Ela pensou:
"Boa idéia. Recolherei as amoras e as levarei ao mercado para vendê-las. Talvez algo surja disso."
O gênio a viu juntando as frutas e riu-se por dentro. Quando ela terminou de encher seu cesto ele se transformou em um burro e a seguiu silenciosamente pelo caminho que levava ao mercado.
Quando Raida se sentou para descansar, o gênio sob a forma de burro aproximou-se, esfregando o focinho em seu braço. Raida bateu-lhe no focinho, e então de repente a horrível criatura se jogou sobre o cesto de amoras, esmagando-as até a polpa. O suco espalhou-se pelo caminho, e o falso burro afastou-se galopando alegremente entre os arbustos.
Raida olhou para as frutas com desânimo. Nesse momento no entanto a rainha estava passando por ali, a caminho da capital.
— Detenham-se imediatamente! — ordenou aos carregadores da liteira. — Essa jovem perdeu tudo. Seu burro esmagou as frutas e fugiu. Ela estará perdida se não a ajudarmos.
Assim foi que a rainha convidou Raida a subir na sua liteira, e rapidamente se tornaram amigas. A rainha deu uma casa a Raida, e logo ela se converteu em uma próspera comerciante, por seus próprios méritos.
Quando o gênio viu como as coisas estavam indo bem para Raida, deu uma boa examinada na casa para ver o que poderia fazer para arruína-la. Ele percebeu que todas as mercadorias eram guardadas em um armazém atrás da casa. De modo que botou fogo na casa e no armazém, que se queimaram até os alicerces em menos tempo do que se leva para contar.
Raida saiu da casa correndo quando sentiu o cheiro da fumaça, e contemplou as ruínas com pesar. Então percebeu que uma fila de pequenas formigas estava se formando. Elas carregavam grão a grão sua reserva de milho, que estivera embaixo da casa, para outro local de maior segurança. Para ajudá-las, Raida ergueu uma grande pedra que cobria o formigueiro, e debaixo dela brotou uma fonte de água. Enquanto Raida a experimentava as pessoas da cidade iam se juntando à sua volta, exclamando:
— A água da Vida! Isto é o que foi profetizado!
Elas contaram à Raida como havia sido profetizado que, um dia, depois de um incêndio e de muitos desastres, uma fonte seria encontrada por uma jovem que não se afligia com as calamidades que lhe aconteciam. Esta seria a última fonte da vida.
E foi assim que Raida se tornou conhecida como a Princesa da Água da Vida, da qual até hoje é a guardiã. Essa água pode ser bebida para dar imortalidade àqueles que a encontram, por não se impressionarem pelas calamidades que lhes possam ocorrer.

Histórias da Tradiçao Sufi

Que nesta páscoa cada um encontre a sua fonte da Água da Vida!

sábado, 3 de abril de 2010

Os simbolos pascais e suas histórias e origens

Ovos Fabergé
É sugerido por alguns historiadores que muitos dos atuais símbolos ligados à Páscoa (especialmente os ovos de chocolate, ovos coloridos e o coelhinho da Páscoa) são resquícios culturais da festividade de primavera em honra de Eostre ou Ostera. Ela é a deusa da fertilidade, da Primavera, da Ressurreição e do Renascimento. Aparece na mitologia anglo-saxã, na mitologia nórdica e na mitologia germânica.


Dizem as lendas que Eostre tinha uma especial afeição por crianças. Onde quer que ela fosse, elas a seguiam e a Deusa adorava cantar e entretê-las com sua magia.
Um dia, Eostre estava sentada em um jardim com suas tão amadas crianças, quando um amável pássaro voou sobre elas e pousou na mão da Deusa. Ao dizer algumas palavras mágicas, o pássaro se transformou no animal favorito de Eostre, uma lebre. Isto maravilhou as crianças. Com o passar dos meses, elas repararam que a lebre não estava feliz com a transformação, porque não mais podia cantar nem voar.
As crianças pediram a Eostre que revertesse o encantamento. Ela tentou de todas as formas, mas não conseguiu desfazer o encanto. A magia já estava feita e nada poderia revertê-la. Eostre decidiu esperar até que o inverno passasse, pois nesta época seu poder diminuía. Quem sabe quando a Primavera retornasse e ela fosse de novo restituída de seus poderes plenamente pudesse ao menos dar alguns momentos de alegria à lebre, transformando-a novamente em pássaro, nem que fosse por alguns momentos.
A lebre assim permaneceu até que então a primavera chegou. Nessa época os poderes de Eostre estavam em seu apogeu e ela pôde transformar a lebre em um pássaro novamente, durante algum tempo. Agradecido, o pássaro botou ovos em homenagem a Eostre. Em celebração à sua liberdade e às crianças, que tinham pedido a Eostre que lhe concedesse sua forma original, o pássaro, transformado em lebre novamente, pintou os ovos e os distribuiu pelo mundo.
Para lembrar às pessoas de seu ato tolo de interferir no livre-arbítrio de alguém, Eostre entalhou a figura de uma lebre na lua que pode ser vista até hoje por nós.
Eostre assumiu vários nomes diferentes como Eostra, Eostrae, Eastre, Estre e Austra. É considerada a Deusa da Fertilidade plena e da luz crescente da Primavera.
Seus símbolos são a lebre ou o coelho e os ovos, todos representando a fertilidade e o início de uma nova vida.
A lebre é muito conhecida por seu poder gerador e o ovo sempre esteve associado ao começo da vida. Não são poucos os mitos que nos falam do ovo primordial, que teria sido chocado pela luz do Sol, dando assim vida a tudo o que existe.
Eostre também é uma Deusa da Pureza, da Juventude e da Beleza. Era comum na época da Primavera recolher o orvalho para banhar-se ritualisticamente. Acreditava-se que orvalho colhido nessa época estava impregnado com as energias de purificação e juventude de Eostre, e por isso tinha a virtude de purificar e rejuvenescer.
Wikipédia

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A PARÁBOLA DO MUNDO

O mundo é como uma mesa posta para revezamento sucessivo de convidados que vêm e vão. Tem travessas de ouro e de prata, abundância de comida e perfumes. O convidado sábio come o suficiente para si, cheira os perfumes, agradece ao seu anfitrião e parte. O convidado tolo, por outro lado, tenta levar algumas travessas de ouro e prata, só para vê-las serem arrancadas de suas mãos e ele mesmo ser empurrado, desapontado e desonrado.

AL-GHAZALI

SOBRE O AMOR



“O Amor existia antes do Céu e da Terra.
A presença do Amor não é do nosso tempo.” – Hafiz
“Na verdade, não existe união, não existe separação, como não existem afastamento nem aproximação. Só se pode falar de união entre dois fatores, e não quando se trata de uma única coisa.”
– Ibn Arabi