quinta-feira, 29 de julho de 2010

BAUMAN, Zygmunt


" Numas clássica definição de Richard Sennett, uma cidade é " um assentamento humano em que estranhos têm a chance de se encontrar." Isto significa que estranhos tem a chance de se encontrar em sua condição de estranhos, saindo como estranhos do encontro casual que termina de maneira tão abrupta quanto começou. Os estranhos se encontram numa maneira adequada a estranhos; um encontro de estranhos é diferente de encontros de parentes, amigos ou conhecidos - parece, por comparação, - um desencontro. [...] O encontro de estranhos é um evento sem passado. Frequentemente é também um evento sem futuro( o esperado é que não tenha futuro), " uma história para não ser continuada." [...] Por mais cheios que possam estar, os lugares de consumo não tem nada de coletivo. [...]

Os encontros, inevitáveis num espaço lotado, interferem com o propósito de consumo. Precisam ser breves e superficiais.O lugar é protegido contra aqueles que costumam quebrar essa regra - todo tipo de intrometidos, chatos e outros que poderiam interferir com o maravilhoso isolamento do consumidor ou comprador. O templo do consumo bem supervisionado, apropriadamente e guardado é uma ilha de ordem, livre de mendigos, desocupados, assaltantes e traficantes - pelo menos é o que se espera e supõe. As pessoas não vão para esses templos para conversar ou socializar. Levam com elas qualquer companhia de que queiram gozar ( ou tolerem), como os caracóis levam suas casas.[...]

O que quer que possa acontecer dentro do templo do consumo tem pouca ou nenhuma relação com o ritmo e o teor da vida diária que "fluí fora dos portões". Estar num shoping center se parece com estar noutro lugar. [...]

O templo de consumo (claramente distinto da "loja de esquina de outrora") pode estar na cidade, mas não faz parte dela; não é o mundo comum temporariamente transformado, mas um "mundo completamente outro."


A modernidade líquida

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