segunda-feira, 5 de julho de 2010



Um dia, Nasrudin viu um edifício de aspecto estranho, a cuja porta estava sentado um iogue contemplativo. Achando que poderia aprender alguma coisa com aquela figura impressionante, o mulla entabulou conversa, perguntando-lhe quem era e o que era.
— Sou iogue — disse o outro —, e passo o tempo tentando atingir a harmonia com todos os seres vivos.
— Isso é interessante — volveu Nasrudin —, porque um peixe, certa vez, me salvou a vida.
O iogue rogou-lhe que ficasse com ele, alegando que, durante uma vida inteira dedicada a tentar harmonizar-se com a criação animal, nunca estivera tão próximo de uma comunicação dessa natureza quanto o mulla.
Depois de passarem alguns dias em contemplação, o iogue rogou ao mulla que lhe falasse mais sobre a sua maravilhosa experiência com o peixe, “agora que nos conhecemos melhor”.
— Agora que o conheço melhor — obtemperou Nasrudin — duvido que você tire algum proveito do que tenho para contar-lhe.
Mas o iogue insistiu.
— Muito bem — disse Nasrudin. — O peixe salvou-me a vida, sim. Eu estava morrendo de fome naquela ocasião, e ele me alimentou por três dias.

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