Como já dizia Guimarãres Rosa, viver é muito perigoso. Os pais são a porta de entrada dos filhos nesse mundão de meu Deus. Tem de um tudo: Pessoas generosas, pessoas que queimam gente pelo prazer de ver o fogo arder. Tem gente que proibe televisão e tem gente que só vê aqueles programas que
derramam sangue. Tem gente que muda a letra das músicas infantis para
não ter boi de cara preta pegando ninguém, mas tem arrastão em praia,
em Feira do Livro. Tem gente que espanca, maltrata e até mata crianças e
tem quem proibe até uma simples e bem empregada palmada no bumbum.Tem quem só fala não e tem quem tem permita tudo.
Tem quem quer protegê-los, isolando-os dos confrontos, criando mundos artificiais em redomas de proteção, duvidando da capacidade dos filhos de construirem a própria felicidade e um mundo melhor. Bem que eu também queria um mundo de alamedas verdes na cidade dos meus amores, mas, convenhamos, não é bem isso o que temos disponível no mercado atual.
Os contos de fada, as músicas e mesmo os famosos e violentos games atuais, ao lidarem com toda a crueldade e horrores, todo sofrimento e dor, podem ajudar a criança e o jovem a se defenderem. A perceberem que podem sobreviver ao abandono, como em João e Maria, a transformar a fera em bela e a despertar de um longo sono com um beijo de amor. Uma coisa é estimular a violência e outra é a auto-preservação.
Claro que o mundo também pode ser idílico, virtuoso e belo. A cada amanhecer, céus, oh céus, quanta beleza! E, que não deixemos de lado as noites estreladas. Basta olhar, admirar e se encantar. As vezes basta tirar os olhos de dentro de si mesmo e de seus problemas, só um pouquinho e olhar ao redor. Pode ser deslumbrante e relaxante.
O que não dá é negar um dos lados em função do outro, fazer de conta que não existem. Afinal, a beleza existe no equilíbrio e na plenitude!
Por Virginia Gazini