terça-feira, 19 de outubro de 2010

Escritos esparsos - Arte e artistas

Escultura de Auguste Rodin


01/dezembro/1983 – Paris
Será por acaso que arte funciona em duplo sentido? Que existem crianças arteiras e pessoas artistas?
Não está na arte da criança sua própria arte?
Não é através da arte que a pessoa expressa o que traz dentro de si?
Não é a criatividade o mesmo nome que utilizamos quando criamos outro ser, quando procriamos?
Não é o Brasil o país dos arteiros e a França o país dos artistas?
Não é no amor que mostramos o melhor de nós mesmos? A arte arteira de cada um?
A mulher é como uma obra de arte. Tem alguns que sabem admirar sua preciosidade, sua delicadeza e originalidade de jóia rara. Tem outros que a admiram porque lhes disseram que valia uma fortuna, mas nunca conseguem apreciar seu real valor. Tem outros que não a apreciam e passam sem ver.
Tem homens que despertam a feminilidade de uma mulher. Tem homens que pensam em fazer arte com ela e outros ainda que a desprezam, a banalizam por não terem descoberto seus encantos escondidos.
A mulher que se mostra nua, não permitindo ao homem o prazer de desvendá-la, nega-lhe a conquista, o sentimento de vitória, a preparação. É como um diamante que não foi lapidado.
A mulher que não se entrega jamais lhe nega o prazer do acolhimento, de saborear o fruto. É como uma escultura que brilha, exposta na vitrine, mas não se sabe onde colocá-la quando se chega a casa.
Uma certa dose de mistério é necessária para que o amor possa ser apreciado. Como uma pintura, exige esforço do pintor para ser realizada mas, se não realizar-se, transforma-se numa amostra de frustração.
Há homens que violentam o secreto da mulher por estarem muito apressados em atingir o sexo. Esses obterão somente sexo, não o néctar. Sua doçura, sua delicadeza e real beleza. São os ávidos que a querem possuir mas não a sabem conservar diariamente. Acabam com seu brilho e a deixam coberta de poeira.
Tem também um tipo de homem se contenta em admirá-la, acreditando-a muito acima dele. São incapazes de tocá-la. São idealistas que passam a vida numa contemplação muda, pelos museus, ruas e bares.
Há ainda outro tipo de homens que descobrem em si mesmos a capacidade de acolher o feminino e desfrutam dessa sabedoria em si mesmos. São capazes de tocar a obra, realçando alguns tons aqui, outros ali... São os artistas!





Escritos meus, tirados do fundo do baú....

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