segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Destino



Na visão de Jung, anima/animus é destino. Somos guiados aos nossos destinos por imagens e poderes situados muito além da nossa vontade consciente ou conhecimentos. 
Como nossa anima/animus é o que nos faz escolher o parceiro amoroso, esse é nosso destino. Acolhe as projeções da sombra e nos faz evoluir.
Empenhar-se no diálogo, não se furtar ao confronto ou ao conflito é o que converte  num relacionamento consciente  duas personalidades tão diferentes. É experimentar plenamente as alturas e profundidades do nosso próprio universo.

domingo, 30 de outubro de 2011

Rumi - Masnavi

Ai! Como posso manter os sentidos,

Quando o Amado não mostra a luz de Seu semblante?

O Amor quer ver seu segredo revelado,

Pois se o espelho não reflete, de que servirá?

Sabes por que teu espelho não reflete?

Porque a ferrugem não foi retirada de sua face.

Fosse ele purificado de toda ferrugem e mácula,

Refletiria o brilho do Sol de Deus.

sábado, 29 de outubro de 2011

Amor

Amor


Secos & Molhados, Ney Matogrosso


Leve, como leve pluma

Muito leve, leve pousa.

Muito leve, leve pousa.


Na simples e suave coisa

Suave coisa nenhuma

Suave coisa nenhuma.


Sombra, silêncio ou espuma.

Nuvem azul

Que arrefece.


Simples e suave coisa

Suave coisa nenhuma.

Que em mim amadurece.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Manoel de Barros

V
Escrever nem uma coisa Nem outra -
A fim de dizer todas
Ou, pelo menos, nenhumas.
Assim,
Ao poeta faz bem
Desexplicar -
Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes.

________________________________________
Seis ou Treze Coisas que Aprendi Sozinho
de "O Guardador de Águas", Ed. Civilização Brasileira.

Porque será que isso tem gosto de monografia para mim?
Oh céus....
Será que se acenderão alguns vagalumes?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O principe e o moinho de vento

     Um principe de caráter áspero possuía uma propriedade no norte da Rússia. Um dia, enquanto cavalgava, observou um moinho de vento cujas asas não se moviam. Furioso, chamou o moleiro e perguntou:
     _ Por que esse moinho não roda?
     _  Porque não há vento, respondeu o moleiro.
     Um moinho de vento é feito para rodar! Eu exijo que ele rode! Eu voltarei amanhã e pobre de você se não tiver obedecido minhas ordens.
     O principe voltou na manhã seguinte. O moinho continuava sem rodar. Ele gritou para o moleiro:
     _ Será que você náo compreendeu minhas ordens?
     _ Mas claro, alteza, compreendi muito bem.
     _ E então?
_ Então eu dei ordem ao moinho.
_ E então?
_ Então o moinho depois de me escutar respondeu:
_ Estou pronto a obedecer, mas vá dizer ao príncipe que é mais poderoso que nós que ordene ao vento de se levantar. Eu, justamente, já me preparava para ir ao encontro de vossa alteza pedir isso.


Fábula russa

     

domingo, 23 de outubro de 2011

Museu Guggeheim em Bilbao = Frank Gehry



O Museu Guggenheim é  um gigante revestido de titânio-pedra-vidro na beira do rio, hora lembra um navio, hora lembra uma flor, hora lembra um peixe, hora é prateado, hora é dourado, depende da intensidade da luz, as placas de titânio mudam o aspecto do museu. Feito em formas orgânicas ,no átrio central do museu, fora o piso, não há uma superfície plana, tudo tem a sinuosidade das curvas. Isso é uma característica do arquiteto, Frank Gehry, um canadense que se  naturalizou americano e ganhador do Pritzker Prize, que é tido como o Nobel da arquitetura.
É uma nova forma de conceber o espaço, um desafio a nossa mente, estruturado euclidianamente em tempo e espaço.

Acrescentei em minha lista de lugares para se conhecer antes de morrer!

sábado, 22 de outubro de 2011

Depoimento Marcos Palmeira

Deus é mais forte

Ibotity tinha subido numa árvore quando o vento soprou a árvore; a árvore se partiu, Ibotity caiu e quebrou a perna.

- A árvore é forte porque quebrou minha perna – disse.

- O vento é mais forte do que eu – disse a árvore.

Mas o vento disse que a colina era mais forte, já que ela podia parar o vento. Ibotity, é claro, pensou que a força estava na colina, porque ela podia parar o vento, o vento que partiu a árvore, a arvore que quebrou sua perna.

- Não – disse a colina, enquanto explicava que o rato era mais forte, porque podia esburacar a colina.

- Eu posso ser morto pelo gato – contestou o rato.

E assim Ibotity pensou que o gato deveria ser o mais forte.

- De jeito nenhum – disse o gato, explicando que poderia ser apanhado por uma corda.

Ibotity achou que a corda devia ser a coisa mais forte. A corda, porém, explicou que podia ser cortada pelo ferro. Portanto o ferro era mais forte. O ferro, por sua vez, negou ser o mais forte, já que podia ser derretido pelo fogo.

Ibotity então pensou que o fogo devia ser o mais forte, porque ele derretia o ferro, o ferro que cortava a corda, a corda que prendia o gato, o gato que caçava o rato, o rato que esburacava a colina, a colina que parava o vento, o vento que partiu a árvore que quebrou a perna de Ibotity.

O fogo disse que era a água era mais forte. A água declarou que a canoa era muito mais forte, porque sulcava a água. Mas a canoa foi superada pela rocha, e a rocha pelo homem, e o homem pelo Mago, e o mago pela prova do veneno por Deus. Assim, Deus é mais forte de que tudo.

Ibotity pensou então que Deus podia vencer a prova que imobilizava o mago, que dominava o homem, que quebrava a pedra, que derrotava a canoa, que fendia a água, que apagava o fogo, que fundia o ferro, que partia a corda, que prendia o gato, que matava o rato, que esburacava a colina, que parava o vento que rachava a árvore que quebrou a perna de Ibotity.



Retirado do Livro "Histórias da Tradição Sufi" – Rio de Janeiro: Edições Dervish – Instituto Tarika, 1993.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011



um vento te trouxe até aqui
agora entra
a primavera te espera....

domingo, 16 de outubro de 2011

sábado, 15 de outubro de 2011

Murilo Mendes

Nebulosa Carina




MAPA

Me colaram no tempo, me puseram
uma alma viva e um corpo desconjuntado. Estou
limitado ao norte pelos sentidos, ao sul pelo medo,
a leste pelo Apóstolo São Paulo, a oeste pela minha educação.
Me vejo numa nebulosa, rodando sou um fluído,
depois chego à consciência da terra, ando como os outros,
me pregaram numa cruz, numa única vida.
Colégio. Indignado, me chamam pelo número, detesto a hierarquia.
Me puseram o rótulo de homem, vou rindo, vou andando, aos solavancos.
Danço. Rio e choro, estou aqui, estou ali, desarticulado,
gosto de todos, não gosto de ninguém, batalho com os espíritos do ar,
alguém da terra me faz sinais, não sei mais o que é o bem
nem o mal.
Minha cabeça voou acima da baía, estou suspenso, angustiado, no éter,
tonto de vidas, de cheiros, de movimentos, de pensamento,
não acredito em nenhuma técnica.
Estou com os meus antepassados, me balanço em arenas espanholas,
é por isso que saio às vezes pra rua combatendo personagens imaginários,
depois estou com os meus tios doidos, às gargalhadas,
na fazenda do interior, olhando os girassóis do jardim
Estou no outro lado do mundo, daqui a cem anos, levantando populações...
Me desespero porque não posso estar presente a todos os atos da vida.
Onde esconder minha cara? O mundo samba na minha cabeça.
Triângulos, estrelas, noite, mulheres andando,
presságios brotando no ar, diversos pesos e movimentos me chamam a atenção
o mundo vai mudar a cara,
a morte revelará o sentido verdadeiro das coisas.

Andarei no ar.
Estarei em todos os nascimentos e em todas as agonias,
me aninharei nos recantos do corpo da noiva,
na cabeça dos artistas doentes, dos revolucionários.
Tudo transparecerá:
vulcões de ódio, explosões de amor, outras caras aparecerão na terra,
o vento que vem da eternidade suspenderá os passos
dançarei na luz dos relâmpagos, beijarei sete mulheres
vibrarei nos cangerês do mar, abraçarei as almas no ar
me insinuarei nos quatro cantos do mundo.


Almas desesperadas eu vos amo. Almas insatisfeitas, ardentes.
Detesto os que se tapeiam,
os que brincam de cabra-cega com a vida, os homens "práticos". ..
Viva São Francisco e vários suicidas e amantes suicidas,
os soldados que perderam a batalha, as mães bem mães,
as fêmeas bem fêmeas, os doidos bem doidos.
Vivam os transfigurados, ou porque eram perfeitos ou porque jejuavam muito.
viva eu, que inauguro no mundo o estado de bagunça transcendente.
Sou a presa do homem que fui há vinte anos passados,
dos amores raros que tive,
vida de planos ardentes, desertos vibrando sob os dedos do amor,
tudo é ritmo do cérebro do poeta. Não me inscrevo em nenhuma teoria,
estou no ar,
na alma dos criminosos, dos amantes desesperados,
no meu quarto modesto da praia de Botafogo,
no pensamento dos homens que movem o mundo,
nem triste nem alegre, chama com dois olhos andando,
sempre em transformação.
O HOMEM QUE TINHA CONSCIÊNCIA DA MORTE:

Certa vez um dervixe partiu em uma viagem marítima. Ao subirem ao barco, um por um, os demais passageiros o viram e, como era de costume, lhe pediram um conselho. Tudo o que o dervixe fez foi dizer a cada um a mesma coisa. Parecia meramente repetir uma dessas fórmulas que cada dervixe transforma em objeto de sua atenção, de tempos em tempos.

Eis a fórmula:"trate de estar atento à morte, até saber o que ela é." Poucos viajantes se sentiram particularmente interessados em tal conselho.

A viajem mal se iniciara quando desabou uma tempestade. Tanto a tripulação como os passageiros caíram de joelhos, suplicando a Deus que salvasse o barco. Gritos de terror se fizeram ouvir alternadamente. Julgando-se já perdidos, esperavam aflitos por socorro. Nesse meio tempo, o dervixe manteve-se sentado tranquilamente, meditativo, sem reagir ante a agitação e as cenas de aflição ali reinantes.

Finalmente cessou o temporal, mar e céu se aquietaram, e os passageiros se conscientizaram de como o dervixe permanecera sereno durante aqueles maus momentos.

- Não percebeu que durante essa terrível tormenta não houve entre nós e a morte senão uma frágil ponte? - indagou um deles.

- Mas, sim, notei, respondeu o dervixe. - Eu sabia que no mar é sempre assim. No entanto, também percebi que, como já refleti tantas vezes quando em terra, no curso normal dos acontecimentos, costuma haver "ainda menos" entre nós e a morte.

História dos Dervixes / Idries Shah / Edição da Nova Fronteira

terça-feira, 4 de outubro de 2011

le ciel dans une chambre Carla Bruni




O Céu Em Um Quarto


Quando tu estás perto de mim,

Este quarto não tem mais paredes,

Mas árvores sim, árvores infinitas,

E quando tu estás tão perto de mim,

É como se este teto,

Não existisse mais, eu vejo o céu inclinado sobre nós...

que ficamos assim,

Abandonados como se,

Não houvesse mais nada, mais nada no mundo,

Eu ouço a harmônica, mas parece um órgão,

Que canta para ti e para mim,

Ali acima no céu infinito,

E para ti, e para mim




Quando estás aqui comigo

Este quarto não tem mais paredes

Mas árvores, árvores infinitas

E quando tu estás perto de mim

Este teto, violeta, não

Não existe mais, e vejo o céu sobre nós

Que permanecemos aqui, abandonados como se

Não houvesse mais nada, mais nada no mundo,

Toca a harmônica, me parece um órgão

Que canta para você e para mim

Em cima na imensidão do céu

E para você e para mim

Mmmhhhhhhh

E para você, e para mim.

mmmhhhhhhh

domingo, 2 de outubro de 2011

Armand Amar (Poem of the atoms) " Bab´ Aziz "



Sinopse

Um poema visual de enorme beleza, uma obra de arte de Nacer Khemir, Baba Aziz encerra a trilogia do deserto. O filme inicia-se com a estória de um dervixe chamado Baba Aziz e sua neta espiritual, Ishtar. Juntos, percorrem o deserto atrás de uma grande reunião de dervixes que ocorre uma vez a cada 30 anos. Tendo a fé como único guia, os dois viajam por vários dias pela imensidão. Para ajudar a suportar a viagem, Baba Aziz passa a contar estórias do príncipe do deserto que contemplava sua alma ao lado de uma pequena piscina. No decorrer da narrativa, os viajantes encontram outros que também contam suas estórias.Repleto de imagens maravilhosas e belíssima música, Nacer Khemir criou uma fábula inédita e encantadora filmada nas areias da Tunísia e do Irã. O roteiro desse filme foi escrito pelo próprio Khemir, em parceria com Tonino Guerra, autor de diversos roteiros de grande sucesso (Amarcord, Night of the Shooting Stars, Blowup, entre outros)

Título Original: Bab Aziz , le prince qui contemplait son âme
Gênero: Aventura, Drama, Fantasia
Estreia no Brasil: 2006
Duração: 96 minutos

Dando o que tem

Um sábio chegou à cidade de Akbar, mas as pessoas não deram muita importância. Conseguiu reunir em torno de si apenas alguns jovens, enquanto o resto dos habitantes ironizava seu trabalho.

Passeava com os poucos discípulos pela rua principal, quando um grupo de homens e mulheres começou a insultá-lo. Ao invés de fingir que ignorava o que acontecia, o sábio foi até eles, e abençoou-os.

Ao sair dali, um dos discípulos comentou:

- Eles dizem coisas horríveis, e o senhor responde com belas palavras.

O sábio respondeu:

- Cada um de nós só pode oferecer o que tem.

sábado, 1 de outubro de 2011

Jean Shinoda Bolen

"Quando um Círculo de Mulheres está centrado,
ele forma uma roda ou mandala invisível.
O círculo reune-se como que ao redor de um fogo sagrado
no centro de uma lareira redonda.
O centro é o que torna o Círculo especial ou sagrado.
O centro invisível como fonte de energia, compaixão e sabedoria."

Bolen, Jean Shinoda . O Milionésimo Círculo