quinta-feira, 10 de novembro de 2011

E viveram felizes para sempre!


Querem terminar com o “e viveram felizes para sempre” dos contos de fada. Que horror! Seria como tirar a única coisa que sobra após abrirmos a Caixa de Pandora, a Esperança.

A Jornada do Herói começa com o arquétipo do Inocente, e sua dádiva é o otimismo e a confiança de que tudo vai dar certo. Como eliminar isso? Como começar uma vida, um projeto, um relacionamento se não for para acreditar que tudo vai dar certo?

No Tarô, a primeira carta é o Louco. Louco porque só louco para acreditar que tudo vai dar certo, apesar de saber que os perigos que rondam a maravilhosa aventura humana são imensos, que os desafios a serem vencidos são inúmeros e que o grande desfecho é aprender a bailar a vida, na carta do Mundo.

Que mundo estranho esse que vivemos em que só porque constatamos que existem dificuldades, tristezas, obstáculos a serem superados, negamos que exista a felicidade. Que estranho conceito de felicidade é esse? Porque se for 365 dias por ano, 24 horas por dia, de euforia e contentamento, aí sim, não vai existir nunca. Mas, e aquela felicidade de saber que conseguiu apesar de, que aprendeu alguma coisa, que contribuiu para criar um mundo mais harmonioso e belo?

San Juan de la Cruz nos fala sobre a noite escura da alma. Aquela noite que sempre termina com um novo dia, como vemos acontecer a cada movimento da Terra em torno do Sol, ao despertar de cada manhã.

Somos inteiros e não pela metade. Temos um lado de luz e outro de sombra. A felicidade está em integrar tudo isso, em se conhecer, se aceitar, se responsabilizar por si mesmo, em transpor obstáculos. Em se perceber ativo e participante de um todo maior. Em sonhar e acreditar, agir, tomar atitudes para a concretização dos sonhos. E assim, vivermos felizes para sempre!

Por Virginia Gazini

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