Esses são alguns trechos do emocionado e instigante relato de um amigo sobre a situação atual em Nova Friburgo. É um alerta vívido, real, do que está acontecendo no nosso maravilhoso planeta azul. As montanhas estão gritando, elas estão sofrendo. Vamos cuidar?
Vi em Nova Friburgo uma atividade anormal da natureza.
Não há uma montanha que não tenha tido algum tipo de deslizamento.
Se as geleiras estão derretendo, os morros de Nova Friburgo estão se desmantelando.
As Montanhas sangraram
Já ouvir dizer e vi diversas explicações na TV sobre o que aconteceu na serras cariocas. Várias vezes vi e ouvi dizerem que este tipo de fenômeno é comum nas serras.
Como filho desta terra, como cidadão serrano, nascido e criado nas montanhas, entre as montanhas, montanhista e ambientalista, nunca na vida, vi algo igual ao que aconteceu.
Já vi inúmeros deslizamentos, inclusive em áreas de mata fechada. Testemunhei o poder nas águas na serra de NF, Nova Friburgo, em um local onde havia um pequeno riacho onde tomava banho, transformou-se em um largo desfiladeiro de pedras e troncos retorcidos. Isso lá no meio da mata. Esses acontecimentos são comuns sim e até saudáveis para a natureza. Fazem parte da dinâmica de renovação dessas matas. Quando uma clareira é aberta na mata, inicia-se todo um ciclo de renovação e crescimento, atraindo mais animais e dando oportunidades a outras plantas de crescerem e cumprirem seu papel na natureza. Esses ciclos são lindos de se observar.
Acontece, que mesmo nos maiores que vi acontecem uma vez ou outra de tanto em tantos anos em um outro local separados por quilômetros de distância.
Desta vez, o que testemunhei foram deslizamentos por todas as partes, em todas as montanhas onde caiu a chuva. Todas, absolutamente todas em que existe algum tipo de cobertura de solo e vegetal estão escorridas. As montanhas sangraram. Senti em meu peito a dor que elas sentem.
É uma área enorme, que abrange muitos quilômetros quadrados abrangendo 6 municípios. Não há lugar onde você não veja um grande deslizamento de terra
O que aconteceu foi um fenômeno grandioso demais para ser tratado como comum, para receber explicações simplórias e baseadas em fenômenos anteriores. Isso precisa ser estudado e entendido com mais cautela e maior precisão.
Digam o que quiser, mas está claro para mim, que conheço aquelas montanhas e as chamo pelo nome, que elas sofreram. Estão dilaceradas. Para mim é como se eu pudesse ouvir, sentir as suas vibrações, as montanhas estão pedindo ajuda, pedindo socorro, porque elas não estão mais suportando.
A paisagem mudou e certamente continuará mudando. Uma mudança brusca. Certamente, este fenômeno está sim associado aos efeitos do aquecimento global. Será apenas uma das grandes catástrofes naturais que vamos assistir daqui para frente.
Tratá-lo como comum é um erro. É fazer pouco caso ou dar as costas para a dor que estes montes estão sentindo. É ignorar o grito da Terra.
Já erramos demais. Não podemos mais parar o aquecimento global, ou fazê-lo regredir. Daqui pra frente pagaremos o preço. Mas espero que o homem possa aprender a lição, que estamos todos conectados, que ainda sabemos muito pouco a respeito da natureza, que somos parte deste todo e não somos o todo como a humanidade até agora pensou que fosse.
Precisamos olhar para o exemplo de nossas antepassados e suas culturas “primitivas” e re-aprender a respeitar e ter temor pela natureza. A Natureza precisa ser novamente reverenciada. É preciso urgentemente resgatar a noção do sagrado na Natureza. Não para adorarmos deuses e deusas, mas para valorizarmos e reconhecermos e talvez entendermos a UNIDADE com a criação.
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