quinta-feira, 30 de junho de 2011

Eduardo Galeano - O amor

O amor

Eduardo Galeano

Na selva amazônica, a primeira mulher e o primeiro homem se olharam com curiosidade. Era estranho o que tinham entre as pernas.
_ Te cortaram? – perguntou o homem.
_ Não – disse ela-. Sempre fui assim.
Ele a examinou de perto. Se coçou a cabeça. Ali havia uma ferida aberta.
Disse:
_ Não comas banana, nem mandioca, nem fruta alguma que se rache ao amadurecer. Eu te curarei. Deita-te na rede e descansa.
Ela obedeceu. Com paciência tomou a mistura de ervas e deixou que aplicasse as pomadas e ungüentos. Tinha que apertar os dentes para não rir, quando ele dizia:
_ Não se preocupe.
O jogo a agradava, mesmo que começava a cansar-se de viver em jejum e estendida na rede. A memória das frutas lhe enchia a boca d’água.
Uma tarde o homem chegou correndo através da floresta. Dava saltos de euforia e gritava:
_ Encontrei! Encontrei!
_ Acabara de ver o macaco curando a macaca na copa de uma árvore.
_ É assim – disse o homem, aproximando-se da mulher.
Quando terminou o longo abraço, um aroma espesso de flores e frutas, invadiu o ar. Dos corpos, deitados juntos, desprendiam-se vapores e fulgores jamais vistos, e era tanta sua beleza que morriam de vergonha os sóis e os deuses.




Tradução livre minha

Um comentário:

  1. o amor quando é verdadeiro durra a vida toda,assim quando plantamos uma rosa ou um fruto com amor ele ou ela brota linda e fistosa

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