Sentidos

O brilho do olhar.

A cidade é a maravilhosa. Veio com um grupo de universitários para um curso de 3 dias. De repente um olhar perdido na multidão encontra o seu, magnetizando-a. Estão num bar, com a música tocando alto. Ele aproxima-se e começam a conversar. Decidem caminhar na praia. Sente a areia sob seus pés enquanto um vento morno envolve todo seu corpo. As mãos se buscam, os corpos se atraem. Na manhã seguinte cada qual retorna ao seu local de origem.

Ele toca violão enquanto olha diretamente em seus olhos. A música fala da tristeza de encontrar seu amor nos braços de outro homem. O local não podia ser mais belo e selvagem: o mar batendo nas pedras, areia macia, uma fogueira para iluminar e aquecer, ao fundo a mata e o céu estrelado como cobertura. Convida ao amor. Ela mergulha fundo no brilho daquele olhar. Estão engajados, mas com outras pessoas.

Passa-se o tempo, outras músicas, outros poemas, outros amores. Neste cenário, ela assiste uma conferência promovida por uma empresa, bairro nobre da cidade grande, que não é a maravilhosa. Ali tudo é suntuoso, requintado. A beleza é feita pelo homem. De súbito, numa troca de palestrantes, eis que ele surge. Estão elegantemente trajados. Decidem tomar café juntos. Com os olhos brilhando compartilham suas jornadas. A conversa se prolonga, a conferência fica totalmente esquecida. Mais uma vez, mergulha e encanta-se no brilho daquele olhar, mas, envoltos em suas vidas, morando em cidades diferentes, separam-se.

O acaso, esse malandrinho, resolve dar-lhes outra chance e acontece um novo reencontro. Dessa vez, no frescor da montanha, num hotel aconchegante. A beleza ali está tanto dentro quanto fora, natural e construída. Ele está tocando violão quando ela chega, rodeado por um grupo de amigos. Seus olhares se encontram e se iluminam. Ele a convida com o olhar, ela senta-se ao seu lado. Cantam juntos. No final da noite saem abraçados e assim permanecem até então.

O tempo, o lugar, as pessoas!

Escrito por Virginia