domingo, 30 de maio de 2010

Carlos Drummond de Andrade


Fazer da areia, terra e água uma canção

Depois, moldar de vento a flauta

que há de espalhar esta canção

Por fim tecer de amor lábios e dedos

que a flauta animarão

E a flauta, sem nada mais que puro som

envolverá o sonho da canção

por todo o sempre, neste mundo.

sábado, 29 de maio de 2010

O tempero da vida



Algumas cenas deste belíssimo e poético filme...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Reflexões sobre a arte de viver

"Aquilo que você precisa fazer,
faça com alegria.

A vida é desprovida de sentido.
Você dá sentido a ela.

O sentido da vida é aquilo
que você atribui a ela.

Estar vivo é o sentido"


Joseph Campbell - Reflexões sobre a arte de viver - Seleção e edição Diane K. Osbon. Editora Gaia.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Oxitocina


Naiara Magalhães
Produzida no cérebro, a oxitocina é fundamental para fazer com que a mulher se empenhe nos cuidados maternos básicos e na proteção de seu filho contra os perigos.
Um simples olhar dela para seu rebento faz com que seu cérebro seja inundado pela "molécula do amor"

Produzida no hipotálamo, a molécula da oxitocina ativa as áreas relacionadas à afetividade,ajudando a estabelecer e a fortalecer os vínculos de afeição.Ela está, ainda, associada à produção de dopamina,o neurotransmissor responsável pelo controle do sistema de recompensa. Quanto maior a produção de oxitocina, mais intensa será síntese de dopamina. Ou seja, maior será a vontade de repetir determinada experiência. No caso do sexo, imediatamente depois do orgasmo, os níveis de oxitocina sobem, em média, 40% – o que favorece a conexão emocional entre os parceiros. Se ele vai ligar ou não no dia seguinte,já é outra história. Um estudo publicado na revista científica americana Evolutionary Psychology, em 2007, mostrou que 66% das mulheres e 59% dos homens não se sentiam atraídos por seus parceiros até beijá-los. E o que os tornou atraentes aos olhos dos outros foi a oxitocina liberada durante o beijo. Em momentos como esse, quando aumenta a produção da substância, as áreas cerebrais associadas a sensações negativas, como estranhamento e medo, tendem a ficar mais apagadas. Ficam aguçadas, por sua vez, aquelas ligadas a empatia, cordialidade, confiança e generosidade.

A oxitocina está em pelo menos duas frentes de investigação farmacológica bastante interessantes. A mais avançada delas é a da flibanserina, uma medicação originalmente desenvolvida como antidepressivo que tem se mostrado eficaz para o aumento da libido feminina.
Outros estudos examinam o uso da substância em crianças portadoras de autismo, transtorno que compromete a afetividade e as relações, cujas alternativas terapêuticas atuais são bem limitadas. Se comprovadas na prática as hipóteses dos especialistas, poderia até se falar, nesse caso, em cura pelo amor – pela química do amor.

Erich Lessing /Álbum /Latinstock

terça-feira, 25 de maio de 2010

Mauricio e o mito da caverna de Platão



Simplesmente genial!

Oriah Moutain Dreamer – A dança


“A tarefa não é mudar, é simplesmente nos tornarmos quem somos. ... A alegria da alma repousa no nosso desabrochar, em nos tornarmos familiares ao nosso eu e em sermos capazes de viver a partir de uma ligação cada vez mais profunda com quem realmente somos. Embora seja uma tarefa que temos que realizar sozinhos, não há nenhuma dúvida de que o fato de uma pessoa nos ver, conhecer e amar nos oferece a luz calorosa do estímulo que faz com que nosso coração se torne mais suave.”

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Carlos Castañeda


A autoconfiança do Guerreiro não é a autoconfiança do homem comum. O homem comum procura certeza aos olhos do observador e chama a isso autoconfiança. O Guerreiro procura impecabilidade aos próprios olhos e chama a isso humildade. O homem comum está preso aos seus semelhantes, enquanto o Guerreiro só está preso ao infinito.

Carlos Castañeda - frases de seu mestre Juan Matus

O círculo... Ana Hatherly

O círculo é a forma eleita
É ovo, é zero.
É ciclo, é ciência.

Nele se inclui todo o mistério
E toda a sapiência.
É o que está feito,
Perfeito e determinado,
É o que principia

No que está acabado.
A viagem que o meu ser empreende
Começa em mim,

E fora de mim,
Ainda a mim se prende.
A senda mais perigosa.
Em nós se consumando,
Passando a existência
Mil círculos concêntricos
Desenhando.

domingo, 23 de maio de 2010

Sob o céu da Toscana

Guimarães Rosa


O mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, mas que elas vão sempre mudando.

sábado, 22 de maio de 2010

Sófocles

"Há algo de ameaçador num silêncio muito prolongado."
em Antígona.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Joseph Campbell em entrevistas com Bill Moyers


MOYERS: Através da leitura de seus livros – The Masks of God e The Hero with a Thousand Faces – vim a compreender que aquilo que os seres humanos têm em comum se revela nos mitos. Mitos são histórias de nossa busca da verdade, de sentido, de significação, através dos tempos. Todos nós precisamos contar nossa história, compreender nossa história. Todos nós precisamos compreender a morte e enfrentar a morte, e todos nós precisamos de ajuda em nossa passagem do nascimento à vida e depois à morte. Precisamos que a vida tenha significação, precisamos tocar o eterno, compreender o misterioso, descobrir o que somos.

CAMPBELL: Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior de nosso ser e de nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos. É disso que se trata, afinal, e é o que essas pistas nos ajudam a procurar, dentro de nós mesmos.

MOYERS: Mitos são pistas?

CAMPBELL: Mitos são pistas para as potencialidades espirituais da vida humana.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Viagem


Chega, em alguns momentos na grande viagem da vida, a hora de reorganizar a bagagem. Na correria e atribulação de tantos lugares visitados, tantas lembranças adquiridas, as coisas vão sendo colocadas sem muito critério nas valises que carregamos. E, podem ficar pesadas, desorganizadas.

Estou arrumando as malas. Tem coisas que não preciso mais. Tem coisas que nem sei onde estão e me são muito importantes. Não sei se vou adquirir novas ou vou encontrar as antigas em algum lugar esquecido.Tem coisas que só ocupam espaço e pesam, sem utilidade aparente.

Neste momento, em que tudo está esparramado pelo chão, vou revisitando em minha mente, os lugares por onde passei. Vejo minha história sendo escrita, as escolhas que fiz, o que perdi, o que ganhei. Momentos de pura aventura, momentos de drama, momentos de romance e magia. Muitas pessoas, familiares, amigos, colegas nessa grande viagem. Alguns por um longo período, outros que passaram rápido. E, em todos os momentos, quanto aprendizado! Ah, como sou grata a tudo isso, à todos os sabores, aos doces, amargos, picantes e azedos que compõem o gosto à vida!

Vou arrumando, organizando, separando o que ainda pode servir, o que precisa ser descartado e enquanto faço isso vou pensando nos próximos lugares que quero conhecer. Escolho o que será útil em minha bagagem. Fico encantada em perceber quantas coisas valiosas carrego comigo. Quantas habilidades, talentos e conhecimento adquirido. Tanto mais a fazer, conhecer, desfrutar. Neste momento, sei também que posso e preciso escolher bem o roteiro. Já posso perceber que a viagem terá um final, as forças antes esbanjadas agora são medidas criteriosamente. A saúde antes esquecida vira prioridade.

Por isso quero a bagagem leve e a alma renovada, como depois de um dia de chuva intensa. O ar límpido, o azul translúcido, o brilho do sol... Quero poder seguir, confiante, alegre e seguramente ao meu próximo destino. Sei que a vida nos brinda com seus imprevistos, sua criatividade. Espero conseguir lidar da melhor maneira possível com o que virá. E, nesse momento, faço meus pedidos ao universo para seguir sempre muito bem acompanhada!

E você, como está sua bagagem? Que roteiros tem escolhido?

Escrito por Virginia

"Crianças e finanças: Mesada pode ser uma ferramenta?

Como, quando e qual é a melhor forma de falar sobre finanças com os filhos? São algumas dúvidas da maioria dos pais que buscam informações sobre o tema.


Percebi que há um consenso dos especialistas em relação ao benefício do uso de mesada como forma de tratar de dinheiro com as crianças, Marcelo Fernandes (psiquiatra infantil da Unifesp) diz que estipular valores em dinheiro para dar aos pequenos é uma medida eficaz. Eles passam a desenvolver a consciência de que não é possível ter tudo e a dar mais valor para as coisas que conquistam."


Tema da entrevista em que participo nessa quinta-feira dia 20 de maio no programa Tribuna Cidadã as 09:00 com reprise as 15:00(Canal 25 da Net): Crianças e finanças: Mesada pode ser uma ferramenta?

Confira o artigo completo no site: http://www.jurocomposto.com.br/artigo.php?id_item=31


Esse texto, assim como o site e a entrevista são de Leonardo Gazini Facchini.
Esse é meu sobrinho, uma fera em finanças!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

terça-feira, 18 de maio de 2010

Não deveria chorar um pouco mais?


Nasrudin decidiu ir ao palácio e presentear Tamerlão com um espelho de platina. Temerlão recebeu o presente com extremo prazer e imediatamente olhou-se nele. Algumas lágrimas brilharam em seus olhos. A seu lado, Nasrudin começou a chorar junto com ele. Pouco depois, Tamerlão acalmou-se, mas Hodja continuou chorando.

_ Hodja - disse-lhe Tamerlão, quando me vi tão feio no espelho tive uma pequena comoção; sabendo o quanto me aprecias, não me surpreendeu que compartilhasse a minha dor. Eu te agradeço muito, mas dize-me, porque continuas gritando e chorando assim se eu já me recompus?

Enxugando suas lágrimas, Nasrudin disse:

_ Senhor, por um segundo viste teu rosto no espelho e por um momento te afligiste. Eu, teu servidor, que vejo teu rosto durante todo o dia, não deveria chorar um pouco mais?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

“A dor é ilusão; a alegria, realidade. A dor é apenas sono; a alegria é despertar. A dor é engano; só a alegria é verdade.”
Um curso em milagres

domingo, 16 de maio de 2010

Cecília Meireles

O olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores,
sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens,
sejam ausências,
formam, no olho, lágrimas.

sábado, 15 de maio de 2010

Guimarães Rosa

"Amigo, prá mim, é só isto:
é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, de igual ao igual, desarmado.
O de que um tira prazer de estar próximo."

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Rumi

A noite, seu amado vagueia.

Não se deixe consolar.

Feche sua boca à comida.

Experimente a boca do amado na sua.

Você geme, "ela me deixou... ele me deixou."

Vinte mais virão.

Esvazie-se das preocupações.

Pense em quem criou o pensamento!

Por que você permanece na prisão

Quando a porta está tão amplamente aberta?

Saia para fora do emaranhado dos pensamentos medrosos.

Viva em silêncio.

Deixe-se fluir nos sempre amplos

anéis do ser.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A lua no poço


Uma noite clara e enluarada, Nasrudin vai ao poço tirar água. Ao olhar para baixo, vê o reflexo da lua brilhando na água. "Nossa!", exclama. "A pobre da lua caiu dentro da água! Espere, lua, que já vou tirá-la daí!"

Nasrudin vai correndo até sua casa e volta com uma corda com um gancho de ferro amarrado na ponta. Sem demora, atira a corda dentro do poço, dizendo de forma encorajadora: "Vamos, lua, agarre firme que já vou puxá-la para fora daí." Infelismente, a corda fica presa numa pedra grande no fundo do poço e Nasrudin precisa puxar com toda sua força. "Ufa!"pensa com seus botões. "Mas como a lua é pesada!"

De repente, a corda se solta num tranco e Nasrudin cai de costas no chão. Quando consegue recuperar o fôlego, ainda estendido no chão, ele se depara com a lua no céu, brilhando no meio das estrelas.


"Não foi nada fácil, mas conseguimos!" diz Nasrudin, dirigindo-se à lua. "Que sorte a sua eu ter chegado bem a tempo de poder ajudá-la! Foi um prazer estar a seu serviço. Adeus, lua, e boa noite!"




Do livro Histórias do Mulá Nasrudin, Edição bilingue, recontada e ilustrada por Cristina Millet

Essa preciosidade é da xará:

Virginia Finzetto

quarta-feira, 12 de maio de 2010

domingo, 9 de maio de 2010

Dia das Mães

Por inspiração da avó, foram visitar e homenagear a nora no dia das mães. Foi assim que viu-se agrupado, em farta comemoração, quatro gerações de mães. Não bastasse isso, juntaram-se ainda, duas filhas. O filho, que também é marido, avô, irmão e pai, coloriu todas as mães com flores maravilhosas e especias. A nora, que é a filha trazida pelas mãos do filho, recebeu a todos com um banquete delicioso. As finas iguarias lembraram os diferentes povos, com temperos exóticos e requintados. Mas, o que mais chamou atenção, foi o amor que exalava do preparo.

A avó, que também é bisavó, sentiu-se honrada. A mãe, que também é avó, sentiu-se amada. A filha que também é mãe, ficou encantada e a filha da filha, que ainda é pequenina, ficou mimada com tanto carinho e atenção.

As tias, que são mães e madrinhas- que é uma mãe por opção dos pais-, também são tias-avós. Uma das tias-avó estava com a mãe, o afilhado e sem os filhos. A outra tia -avó estava com a mãe e sem os filhos e afilhada. Mas sua filha se fez presente vinda de além-mar via internet, encantado e agraciando a todos com sua marcante presença/ ausente.

Foi assim o ápice desse dia das mães, que começou a ser comemorado lá no primeiro dia de maio, repleto de amor e presença em todas as suas ausências.



E agora, monte você esse quebra-cabeça da teia da vida.




Escrito por Virginia

Honrar Mãe - Mariza Ruiz

Honro-te, mãe, pela vida
pelas agruras sofridas,
pelas risadas truncadas,
em tempos de nostalgia,
pelo caminho apertado,
quando se abria o horizonte,
quando se apresentavam pontes.
Quando eu ainda não sabia,
que tu me foste um presente.
Honro-te, mãe, novamente,
Tu me deste continente
e, hoje, eu me confio.



Com esse belo e singelo poema da Mariza Ruiz, minha homenagem à todas nós que somos mães de nossos filhos e aos homens maravilhosos que nos possibilitam esse feito. E também as que são mães dos amigos, mães dos pais, mães dos alunos, mães de tanta gente espalhada por aí... maternando com mãos tão carinhosas, cuidando com olhos gentis, atentamente escutando com ouvidos generosos... mães de todos os tipos, mães de todas as formas, mães de todas as raças, simplesmente, mães!

sábado, 8 de maio de 2010

Harmonia

" Ao olhar para si mesmo e tentar criar uma pessoa harmoniosa, é apenas necessário se olhar de uma maneira construtiva e útil. Você não está à procura de erros pelos quais possa culpar-se. Se fizer um retrospecto e encontrar os erros, os problemas, você pode examiná-los e compreender porque surgiram, como surgiram, e como fazer para evitá-los no futuro, mas não como uma punição."

"Harmonizar-se consigo mesmo é tentar compreender-se, tentar ficar em paz consigo, tentar um diálogo consigo mesmo, tentar desculpar, de certas maneiras, certos aspectos pessoais e tentar entender quais são os aspectos mais fortes, mais úteis, mais poderosos da própria personalidade ou do próprio ser e reforçar estes aspectos".


" Seja o que quer que a pessoa identifique, existe sempre o positivo com que ela pode contar para apoiar seu esforço no sentido de superar essas deficiências, fragilidades ou o que for."


" A harmonia vem de muitas formas e tamanhos. A harmonia não é apenas uma coisa agradável. A harmonia também tem a ver com uma questão de disciplina, uma disciplina que você impõe a si mesmo para conseguir harmonia."


Omar Ali Shah - O fator Unidade

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Prazer e êxtase - Stela Fonseca

O prazer se
faz em êxtase:
quando o
meu corpo,
feito água,
descobre
todos os
caminhos
do seu.
E deixa-se
ficar
onde você
mergulha em
mim.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Se tu viesses ver-me... Florbela Espanca

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Vista cansada

Otto Lara Resende

Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.

Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

Texto publicado no jornal “Folha de S. Paulo”, edição de 23 de fevereiro de 1992.


Recebi do meu amigo Giulio e adorei cada palavra!

Milton H. Erickson dizia: Você já percebeu quantos tons de verde existem num único gramado? Basta olhar com olhos de quem quer realmente ver! E, como dizia o outro poeta, o Quintana: Viver assim jamais cansa.

Al Ghazali

"Não procures companhia em cinco tipos de homens, isto é:
Um homem falso que te engana como um ilusionista.
Um tonto que não pode te trazer benefício (ainda que tentasse fazê-lo te faria mal com sua estupidez).
Um miserável que quando mais necessitas de ajuda, se afasta de ti
Um covarde que te deixará quando estejas em perigo
Um malvado pecador que te venderá por um pedaço de pão."

Al Sadiq ( O veraz) - do livro Ensenanzas Sufis ( Al Ghazali)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Mulher

Tem sempre presente que a pele se enruga, o cabelo embranquece, os dias convertem-se em anos…
Mas o que é importante não muda;
a tua força e convicção não têm idade.

O teu espírito é como qualquer teia de aranha. Atrás de cada linha de chegada, há uma de partida.
Atrás de cada conquista, vem um novo desafio. Enquanto estejas viva, sente-te viva.
Se sentes saudades do que fazias, volta a fazé-lo. Não vivas de fotografias amarelecidas…
Continua, quando todos esperam que desistas. Não deixes que enferruje o ferro que existe em ti. Faz com que em vez de pena, te tenham respeito.
Quanto não consigas correr através dos anos, trota. Quando não consigas trotar, caminha.
Quando não consigas caminhar, usa uma bengala.
Mas nunca te detenhas!!!

Madre Teresa de Calcutá

domingo, 2 de maio de 2010

Se sobrevivo a esta vida sem morrer, estarei surpreso.
Mulla Nasrudin