quarta-feira, 13 de abril de 2011

Manoel de Barros

Retrato Quase Apagado em que se Pode Ver Perfeitamente Nada

de "O Guardador de Águas"


IX


Eu sou o medo da lucidez

Choveu na palavra onde eu estava.

Eu via a natureza como quem a veste.

Eu me fechava com espumas.

Formigas vesúvias dormiam por baixo de trampas.

Peguei umas idéias com as mãos - como a peixes.

Nem era muito que eu me arrumasse por versos.

Aquele arame do horizonte

Que separava o morro do céu estava rubro.

Um rengo estacionou entre duas frases.

Uma descor

Quase uma ilação do branco.

Tinha um palor atormentado a hora.

O pato dejetava liquidamente ali.

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