sábado, 27 de fevereiro de 2010

Aproximação e distanciamento

De perto ninguém é normal! Quantas vezes já ouvira essa frase? Agora isso ecoava por todo seu ser. Qual a distância necessária para manter o glamour? Como uma relação pode sobreviver à aproximação do dia a dia? Como estabelecer os limites seguros, sem que a relação fique nem invasiva nem fria?
Como conseguir se distanciar de uma situação por demais turbulenta para perceber com clareza a melhor opção? Se todos os rios correm para o mar, como se deixar levar?
Como escolher nas encruzilhadas a melhor opção, a profissão, a pós-graduação, o amor, quando ainda não se vê o desenho do rio?
Buscar refúgio além das palavras. No aconchego dentro do ser. Permeada pelo exterior, entrar ainda mais no interior. Fundo, bem fundo. A respiração vai se tornando mais lenta, as expirações mais longas. Entrando e saindo, calmamente, suavemente, confortavelmente. Como o ar, deixar-se conduzir, além, muito além das palavras. Inspirar quietude, exalar ansiedades. Ir, ainda mais fundo, onde não mais existe dentro ou fora, onde se é um. Ser o todo e ser a parte, sem distinção, nem perto, nem longe. Mergulhar fundo nesse mar de sensações, de plenitude, de bem-aventurança, onde simplesmente se é, sem pensamentos. O ser vai fluindo, como flui a respiração, ritmado, no compasso do universo que pulsa e vibra, simplesmente sendo o que se é. E aos poucos, no ritmo e no tempo adequado, distanciar-se e olhar, observar as circunstâncias atuais, o que existe ao redor e assim conseguir uma visão do todo; como um zoom, que aproxima e distancia. Perceber a distância certa para conseguir a nitidez da imagem, sem as imperfeições que afastam. Simplesmente assim, confortavelmente, modificar a perspectiva do olhar, nas diferentes situações. Como planetas em suas órbitas sem colisões, encontrar seu lugar no espaço, sua posição no corpo, confortavelmente. Dançar a vida e nesse movimento resgatar a magnitude do traçado.
Entrar na substância escura, nas entrelinhas, nas frestas entreabertas e buscar a forma, feita de pureza e luz: retomar a leveza do ar!

Escrito por Virginia

2 comentários:

  1. Tirando a parte do "dançar", que ainda não consegui, você expressou tudo o que estou sentindo. Só faltou dizer que isso tudo traz uma dignidade que só a pureza pode nos dar.
    Não sabia que era tão boa assim também com palavra escrita.

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  2. Obrigada! Essa sua contribuição é maravilhosa. A dignidade se faz presente e fortalece ainda mais o ser....

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