"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!"
E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizes, quando não estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
Olavo Bilac
Cresci ouvindo meu pai declamar essa poesia, uma das preferidas dele. Ainda há bem pouco tempo ele o fêz novamente, e é sempre um presente precioso ouvi-lo. Sem contar a beleza e sabedoria do soneto, claro.
Hoje recebi-o da querida Lucinha, avivando a memória em tão boa hora.
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